Número de municípios com candidatura única a prefeituras dobra nas eleições de 2024

Média populacional das cidades com candidato único é de 6,7 mil habitantes

Antônio Augusto/TSE

O número de municípios com apenas um candidato à prefeitura dobrou nas eleições deste ano em comparação com 2020. O Brasil passará de 108 cidades com candidatura única em 2020 para 214 municípios em 2024, onde apenas um voto será suficiente para eleger o prefeito. Este é o maior número registrado desde o início da série histórica, em 2000, conforme dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

Segundo Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, a principal razão para esse aumento é o desestímulo gerado pelos desafios enfrentados nas pequenas cidades. “Não se trata apenas da escassez de recursos financeiros e apoio técnico. As dificuldades incluem burocracia e entraves jurídicos que tornam a vida pública exaustiva”, afirmou.

A média populacional das cidades com candidatura única é de 6,7 mil habitantes. Os estados com maior número de cidades nessa situação são Rio Grande do Sul (43), Goiás (20) e Mato Grosso (9). Mato Queimado, no Rio Grande do Sul, destaca-se por ter tido apenas um candidato à prefeitura em todas as eleições entre 2000 e 2020, mas em 2024 a cidade terá dois candidatos concorrendo ao cargo, conforme levantamento do Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (IPRI), da FSB Holding.

Ainda segundo a CNM, o total de candidaturas no pleito deste ano caiu 20%, de 19,3 mil em 2020 para 15,4 mil em 2024.

O número de municípios com até dois candidatos à prefeitura também aumentou nas eleições de 2024. Em 2020, 38% dos mais de 5,5 mil municípios brasileiros tinham até dois candidatos; agora, esse número subiu para 53%, segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

O estudo do Inesc aponta que cerca de 1,6 milhão de brasileiros, ou 0,8% da população, não terão a possibilidade de escolher entre diferentes candidatos à prefeitura. Além disso, outros 35,7 milhões de eleitores deverão escolher entre apenas duas opções.

Carmela Zigoni, assessora política do Inesc, ressaltou que essa falta de alternativas limita a representatividade e pode reforçar dinâmicas de poder já estabelecidas, comprometendo a diversidade de ideias e propostas para a melhoria das cidades.

Em relação às candidaturas únicas, prevalece o perfil de homens (88%), brancos (74%) e de partidos de direita (57%). Segundo o Inesc, a polarização política, evidente nos níveis estadual e federal, é menos acentuada nas disputas municipais.

Por outro lado, a CNM revela que 47% dos candidatos únicos ocupam atualmente o cargo de prefeito, 11% são empresários, e 7% agricultores. Os partidos com maior presença nessas candidaturas são MDB (24%), PSD (16%), PP (13%) e União (11%). Enquanto isso, PT e PL concentram, respectivamente, 5% e 7% das candidaturas únicas.

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